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Ester Athanásio

Da negociação na ONU para Harvard, à vela: a história da jovem do Paraná que se destaca entre mulher

Natalie Unterstell já representou o Brasil na ONU, velejou até Harvard e é a única mulher do Paraná selecionada para integrar grupo de lideranças brasileiras voltado à renovação política


Ela tem apenas 35 anos e um currículo de dar inveja. Mas inveja das boas. Inspiração, diriam os admiradores mais honestos. Transpiração, os pragmáticos. Sorte, os invejosos por essência. Nascida em Porto União, no interior de Santa Catarina, Natalie Unterstell se mudou para Curitiba ainda criança, aos 12 anos. Com pais bastante engajados na carreira corporativa, a expectativa do meio social era que Natalie trilhasse o caminho executivo. Mas como as expectativas costumam trazer decepções... “Aquilo não me encantava e um dia na faculdade eu ouvi um papo de umas meninas falando sobre uma viagem que iriam fazer a Amazônia e eu fiquei alucinada, algo mexeu comigo e eu simplesmente disse ‘oi, meu nome é Natalie e eu vou com vocês’”, conta a jovem entre sorrisos.


Daí em diante Natalie não parou mais. Voltando da imersão na Floresta Amazônica, a jovem ambientalista mergulhou no universo das ONGs engajadas em causas ambientais e indígenas, trabalhando com a conexão entre produtos indígenas e o intenso mercado paulista. “Era um encontro de mundos muito distintos e eu estava ali, fazendo a ponte para um perceber valor no outro”, relata.


Com 21 anos, corajosa, decidiu morar na Amazônia, “para desespero de sua mãe”, como bem se pode imaginar. E neste período de tanta entrega e intensidade, a paixão mostrou que também recruta talentos para grandes causas do país. Na época o namorado bem sucedido do mercado executivo tradicional se converteu em uma liderança forte para o terceiro setor e decidiu se mudar com Natalie para o norte do país, em São Gabriel da Cachoeira, onde moraram por quatro anos.



Como (quase) toda pessoa fora da curva, Natalie começou a se incomodar com outros desafios e as mudanças do clima martelavam na sua mente. Foi aí que Natalie foi selecionada para um programa na Noruega. “Rodei a Europa e conheci o ambientalismo europeu”, relembra. Nesta época ela começou a participar das movimentações internacionais e se tornou ativista das negociações. “Voltei pensando: é nisso que eu quero trabalhar! Vou atuar em políticas públicas”, decidiu.



Depois de adquirir experiências nas negociações públicas, passar pela ONU como representante do Brasil e fazer o marido perder a cabeça com as voltas que dava pelo mundo, Natalie foi parar na Presidência da República, como diretora da área de desenvolvimento sustentável, e criou o Programa Brasil 2040 apontando cenários de Mudança de Clima em relação a sete setores da Economia Brasileira. Como nem tudo são flores, a jovem política teve que lidar com as primeiras frustrações e o choque de interesses particulares da política contra a defesa de questões ambientais. Foi demitida pelo governo quando o programa ambiental que defendia não contribuiu mais para a imagem pública de quem ocupava o executivo. Escolhas.


Giro 360º, com beijinho no ombro, glamour e engajamento político

Mas quem planta, colhe. Ela já tinha carta de aceite para um mestrado em Harvard. Expensiver, really. Mas nada que um marido maluco não pudesse solucionar. “Morar lá vai sair caro, mas porque não moramos em um barco?!”. Se fosse uma conversa no whats, Natalie teria respondido “kkkkkk”. Mas tudo foi real e offline. Ele deu um jeito de comprar um barco, e velejaram por três meses. “Foi a Lua de Mel dos meus sonhos”, lembra. Depois morou um tempo em Boston e, ao fim do mestrado, decidiram retornar ao Brasil para aplicar o conhecimento recebido. Os planos agora são representar os cidadãos na defesa da agenda ambiental e especialmente na discussão das Mudanças Climáticas. “incluir uma fala contundente da Natalie”.



Desde que voltou ao Brasil, em 2016, Natalie já atuou como co-fundadora do AGORA, um movimento suprapartidário que promove o engajamento político. A mestra em administração pública e especialista em mudanças climáticas Natalie Unterstell também é a única mulher paranaense selecionada para a primeira edição do RenovaBr. O instituto de formação com foco na renovação política do Poder Legislativo. O objetivo do projeto inédito no Brasil é qualificar pessoas de todo o país para disputarem as eleições deste ano. As lideranças foram selecionadas num processo seletivo rigoroso que contou com mais de quatro mil inscritos para 130 vagas. Além da causa ambiental, Natalie tem se tornado referência quando o assunto é empreendedorismo feminino e participação das mulheres na política. E se depender dela, agora elas vão brilhar!

Sobre Natalie Unterstell

Administradora graduada na Fundação Getúlio Vargas, mestre em políticas públicas pela Universidade de Harvard, empreendedora e ativista. Dedica-se a desenhar, implementar e avaliar as políticas de desenvolvimento sustentável com atenção ao longo prazo. É uma das principais referências no assunto de mudanças climáticas no Brasil e na América Latina. É uma das embaixadoras globais programa Homeward Bound, que promove a participação das mulheres na ciência e na política. Foi a primeira brasileira fellow do Center for Public Leadership da Universidade de Harvard e também uma das cinco primeiras líderes ambientais selecionadas como Louis M. Bacon Environmental Leadership Fellowship.

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