top of page
  • Claudia Guadagnin - Observatório de Justiça &

Artistas criam música em defesa da maior Área de Proteção Ambiental do Sul do Brasil


Um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná quer reduzir 70% da APA da Escarpa Devoniana e abrir um grave precedente para fragilizar unidades de conservação de todo o país


Mais de 40 artistas paranaenses se uniram em defesa da Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana, a maior unidade de conservação do Sul do Brasil, que fica na região dos Campos Gerais, no Paraná. Eles criaram uma música para traduzir, por meio da arte, o que está em jogo com a proposta do projeto de lei 527/2016, que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná desde o final de 2016, e prevê mutilar 70% da APA. Só por meio do Facebook, menos de dois dias depois do lançamento, que ocorreu na manhã da quarta-feira, dia 20, canção já alcançou mais de meio milhão de pessoas e foi visualizada mais de 126 mil vezes.


Desde que foi criada, em 1992, a APA não têm os limites de uso do solo respeitados por atividades produtivas que predominam na região de modo excessivo e irresponsável, comprometendo o direito da coletividade em exigir um meio ambiente ecologicamente equilibrado.


A ideia da música foi pensada pela cantora e compositora Raissa Fayet e pela advogada Laísa Musial, que, convidadas a gravar um depoimento em defesa da área, perceberam que poderiam fazer mais: reuniram, então, os artistas que, juntos, gravaram a canção “Pare. Preste Atenção!”.


Raissa conta que o grupo foi movido pela intenção de ajudar e contribuir com a transparência. “Queremos chamar a atenção para essa causa, que deve ser de toda a sociedade. Os ecossistemas que existem na região, as porções de Campos Naturais e Floresta com Araucária, estão gravemente ameaçados pela proposta de redução da Área de Proteção Ambiental da Escarpa Devoniana”. “Precisamos salvar o pouco que restou. Nosso futuro está em jogo”, completou Laísa.


Financiada pelo Observatório de Justiça e Conservação (OJC), a gravação das imagens foi feita pelo HAI Studio, de Luciano Meirelles e Leticiah Futata, que também assinam captação e a codireção do clipe. O clipe pode ser visto no Facebook e canal do YouTube do OJC, responsável pelo apoio financeiro, viabilização do clipe e fornecimento das imagens. Ele denuncia as ilegalidades e incoerências que permeiam o projeto de lei 527/2016 e estimulou ainda mais o envolvimento dos artistas na criação da música. Giem Guimarães, presidente do Observatório, também se envolveu diretamente na coordenação, produção e edição do vídeo.


Sobre a APA da Escarpa Devoniana

A APA da Escarpa Devoniana é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável criada por um decreto em 1992 para garantir as condições necessárias para a produção agrícola conviver em harmonia a conservação da biodiversidade. Na região, ainda ocorrem alguns dos últimos remanescentes de Campos Naturais e Floresta com Araucária do Paraná, dois ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica e em extinção em virtude da expansão ilegal e desordenada de atividades como o plantio de soja, a mineração e o cultivo de espécies exóticas, como o pinus e o eucalipto. Se o Projeto de Lei 527/2016 for aprovado, vai abrir um grave precedente para a fragilização de inúmeras Unidades de Conservação estaduais e federais.


Como já explicaram o Ministério Público do Paraná e a OAB-PR, o projeto de lei é inconstitucional primeiro por ignorar os requisitos técnicos e procedimentos participativos inerentes à alteração de limites de Unidades de Conservação; segundo por representar um retrocesso na proteção ambiental de unidades já formalmente criadas; e terceiro por negar os compromissos nacionais e internacionais assumidos pelo Brasil com a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade, colocando em risco importantes ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica.


Nas bordas da APA, ficam também Unidades de Conservação importantes, como o Parque Estadual de Vila Velha, cujo platô de arenitos – bem como as rochas que sustentam a Escarpa Devoniana – foram formadas há 400 milhões de anos. A redução da APA, portanto, comprometeria não só unidades que estão em seu interior, como o Parque Nacional dos Campos Gerais, criado pelo governo federal em março de 2006, mas outras áreas próximas que precisam ser protegidas.

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page